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Varela, Ana

Rotativa

O poeta definirá a quantidade de desconhecido que em sua época desperta na alma universal, afirmou Rimbaud, em sua Carta do vidente. Isso por que a linguagem é o que organiza e separa tudo aquilo que pode ser reconhecido. Nomear é dar a ver, é retirar algo de sua invisibilidade. A poesia, experimentação por excelência da linguagem, faz emergir o insólito, o insuspeito, o que antes se mantinha em silêncio. Os sentidos se alteram, o mundo acompanha, dançando, girando. Nessa chave, Mariana Varela opera recortes estéticos e políticos: que novos sentidos são descobertos ao abrirmos as frestas que há em cada palavra? Quais de nossas perversões são escancaradas ao rasgarmos o antigo véu da linguagem? Assim, fragmentos, memórias, ruas, mapas, canções, amores perdidos, guerras, nações, ruinas, feitiços ? tudo parece compor uma dança, uma constante metamorfose da condição humana, demasiadamente humana.

O leitor encontrará, neste livro, múltiplos espaços por onde adentrar. A dinâmica dos versos atomizados ? mas em constante tensão ? cria ressonâncias em nossa imaginação. Como uma profunda meditação, inspira-se, expira-se. Desse processo, imensos campos se abrem dentro de nós mesmos. O vazio se apresenta como a condição para que todas as coisas cresçam, para que novos sentidos encontrem o caminho de volta para o mundo, depois de percorrer a interioridade de cada um de nós.

Assim, leitor, recusa momentaneamente o óbvio ? Demora em cada fresta ? Escuta ecoar o incêndio da linguagem ? levanta ? dança!
  • Editorial: çEditora Urutau |
  • Idioma: castelán |
  • ISBN: 978-65-5900-262-7 |